Era uma vez uma garota muito simpática. Não importava o que
acontecesse ela estava sempre a sorrir. As pessoas que a rodeavam diziam: Como
é possível alguém ser tão feliz.
Tudo ia bem em sua vida até o momento em que ela se viu
obrigada a crescer. Os números no RG indicavam que ela deveria parar de agir
como uma garotinha meiga e descontraída e o espelho a obrigava a tomar decisões
difíceis todos os dias.
Um dia, sentada em seu balanço no fundo do quintal parou
para pensar na vida. Lembrou dos dias em que suas únicas preocupações eram:
Devo pintar esta borboleta de vermelho ou rosa? Leio Monteiro Lobato ou Irmãos
Grimm? Ando de patins ou de bicicleta? Ela viu que o tempo tinha passado tão
silencioso que não percebeu a diferença entre a fantasia e o real.
As horas passadas em frente ao espelho agora eram para
decidir entre um sapato ou outro, cabelo solto ou preso, "Será que essa
roupa combina comigo"? E eram questões tão superficiais que em nada
refletiam quem ela era de fato, nem exteriorizava a verdadeira garota que vivia
dentro dela. Se ela escolhesse a bolsa errada nada iria mudar no final do dia.
Ela tentava levar a semana da forma mais completa, cheia de compromissos para
que não tivesse que pensar em questões que a perturbavam como: Com quem vou me
casar? Qual profissão escolher? É a hora certa para fazer isto ou aquilo? Digo
sim ou digo não? Entre tantas outras que ela não fez questão de listar.
Assim, percebeu que o sapato combinando ou não era apenas
uma escolha, sem renúncias significativas. A vida não! E muita coisa dependia
dela. Se para escolher era preciso renunciar que assim fosse. Não teria mais
medo de se posicionar durante uma discussão. Não ouviria a voz do coração todas
as vezes, pois ele já havia mostrado o quanto seus anseios eram
enganosos. Iria sem medo de errar começar tudo de novo, sair pelo mundo
registrando fatos e lendo pessoas.
O balanço era seu mundinho, feito
sob medida para ela, mas percebeu que seus pés agora tocavam o chão, talvez
fosse um sinal. Uma brisa suave soprou em seu rosto, logo após um vento quente
a impulsionou para frente. Então chegou a conclusão de que ficar esperando pelo
futuro não a levaria a lugar algum a não ser o fundo do quintal onde ainda
conservava alguns brinquedos e memórias. Em sua mente vieram palavras ditas a
muito tempo por sua mãe: "A gente realmente cresce quando consegue fazer
uma escolha sem se arrepender, se as escolhas não derem certo colecione
experiências!". E já que o futuro dependia dela e a vida estava em tudo a
sua volta pensou por um instante, levantou do balanço, abriu os abraços e
decidiu, de fato Viver!
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