sábado, 22 de fevereiro de 2014

A garota e o balanço!


Era uma vez uma garota muito simpática. Não importava o que acontecesse ela estava sempre a sorrir. As pessoas que a rodeavam diziam: Como é possível alguém ser tão feliz.
Tudo ia bem em sua vida até o momento em que ela se viu obrigada a crescer. Os números no RG indicavam que ela deveria parar de agir como uma garotinha meiga e descontraída e o espelho a obrigava a tomar decisões difíceis todos os dias.
Um dia, sentada em seu balanço no fundo do quintal parou para pensar na vida. Lembrou dos dias em que suas únicas preocupações eram: Devo pintar esta borboleta de vermelho ou rosa? Leio Monteiro Lobato ou Irmãos Grimm? Ando de patins ou de bicicleta? Ela viu que o tempo tinha passado tão silencioso que não percebeu a diferença entre a fantasia e o real. 
As horas passadas em frente ao espelho agora eram para decidir entre um sapato ou outro, cabelo solto ou preso, "Será que essa roupa combina comigo"? E eram questões tão superficiais que em nada refletiam quem ela era de fato, nem exteriorizava a verdadeira garota que vivia dentro dela. Se ela escolhesse a bolsa errada nada iria mudar no final do dia. Ela tentava levar a semana da forma mais completa, cheia de compromissos para que não tivesse que pensar em questões que a perturbavam como: Com quem vou me casar? Qual profissão escolher? É a hora certa para fazer isto ou aquilo? Digo sim ou digo não? Entre tantas outras que ela não fez questão de listar. 
Assim, percebeu que o sapato combinando ou não era apenas uma escolha, sem renúncias significativas. A vida não! E muita coisa dependia dela. Se para escolher era preciso renunciar que assim fosse. Não teria mais medo de se posicionar durante uma discussão. Não ouviria a voz do coração todas as vezes, pois ele já havia mostrado o quanto seus anseios eram enganosos. Iria sem medo de errar começar tudo de novo, sair pelo mundo registrando fatos e lendo pessoas. 
O balanço era seu mundinho, feito sob medida para ela, mas percebeu que seus pés agora tocavam o chão, talvez fosse um sinal. Uma brisa suave soprou em seu rosto, logo após um vento quente a impulsionou para frente. Então chegou a conclusão de que ficar esperando pelo futuro não a levaria a lugar algum a não ser o fundo do quintal onde ainda conservava alguns brinquedos e memórias. Em sua mente vieram palavras ditas a muito tempo por sua mãe: "A gente realmente cresce quando consegue fazer uma escolha sem se arrepender, se as escolhas não derem certo colecione experiências!". E já que o futuro dependia dela e a vida estava em tudo a sua volta pensou por um instante, levantou do balanço, abriu os abraços e decidiu, de fato Viver!


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