terça-feira, 29 de outubro de 2013

Com você!

Queria viver com você um tempo que não fosse esse.
Um tempo que não fosse o hoje.
Onde nossas dúvidas fossem apenas detalhes.
A gente tiraria “par ou ímpar” para decidir se iríamos tomar banho de mangueira ou de chuva. Se a gente iria jogar videogame ou vir o pôr do sol. Aí iríamos rir sem parar e agradecer a Deus pela beleza da companhia um do outro.
O relógio serviria apenas de acessório na parede da sala enfeitada de estrelas cadentes.
Queria poder te ver sair do banho e perguntar se o jeans claro e camiseta branca havia lhe caído bem. E com certeza eu iria dizer que estava perfeito.
Queria cozinhar sua comida preferida e ficar observando você comer com gosto. Mesmo que eu tivesse exagerado no sal ou deixado cair vinagre demais na salada. Você diria que estava uma delícia e a gente iria rir disso até cansar.
Queria viver no tempo em que não fosse tolo quem amasse e eu não negaria mostrar-te ao mundo. Então gritaria a plenos pulmões que é você quem eu amo e o quanto me faz bem chamá-lo de “meu amor”.
As nossas tardes seriam de plena cumplicidade e carinho e quando a noite chegasse iria tomar um chá lendo meu livro enquanto você assistiria seu filme favorito.
Ah, queria poder dizer que você é o meu herói. Fingiria não alcançar as latas de sopa na prateleira de cima só pra te ter cinco minutinhos a mais na cozinha. Tenho certeza que você diria que eu não vivo sem você e eu iria concordar só para te ver com cara de bobo que não sabe receber elogios.
Eu usaria toda minha paixão pela língua portuguesa para te ensinar regras gramaticais, e você me ensinaria matemática. É claro que nenhum iria prestar muita atenção no que o outro estava ensinando. O importante é que a gente iria rir muito da forma engraçada do outro ensinar.
A gente se divertiria sem pensar em nada ruim e não é porque viveríamos de amor que não teríamos que enfrentar alguns desafios. É que a gente iria gostar tanto um do outro que vencer juntos viraria rotina. E claro, teríamos uma parede para pendurar nossas conquistas.
Passaríamos tardes fotografando um ao outro no jardim, sem noção do tempo e a gente acabaria por rolar ali mesmo na grama, observando o céu e rindo das nossas traquinagens. No final da noite a gente iria adormecer contando estrelas e dando nome a cada uma delas, sem ter medo de nascer verruga nos dedos.
Numa terça-feira qualquer sentaríamos na varanda para comer brigadeiro de panela, decidindo quem iria lavar a louça depois ou colocar o lixo para fora. E a vida iria passando assim, sem pressa.
Nas nossas orações poderíamos até esquecer alguns nomes mas nunca de agradecer ao criador pela dádiva do amor familiar.
Nos dias de hoje porém vivemos de sonhos...
E se a distância insistir em nos separar vamos mandá-la para conhecer a "Rua do Porto", quem sabe ela não se apaixona pelo Rio (Piracicaba) e resolva ficar por lá.
Ah, querido. Queria viver com você um tempo que não fosse esse.
Um tempo que não fosse o hoje.


Queria viver, com você!