terça-feira, 31 de maio de 2011

Será o fim?



Ele se espreme. Com as mãos e pés escorregadios de lodo. Em vão, tenta se agarrar às paredes lisas e frias. Desce mais alguns centímetros e ofega na luta incessante para chegar ao topo.
As calças enlameadas começam a pesar sobre seu corpo, que está agora fraco e vulnerável.
Lá em cima, o sol já muito fraco e de um alaranjado morno tenta tirar forças para sorrir por detrás das nuvens.
Uma chuva fininha cai. A tarde cai. E com elas nosso herói, já despido de sua vitalidade se entrega ao cansaço. Seu corpo tomba aos poucos até encontrar com o fundo barrento e gelado do buraco, que, lembraria mais tarde, caíra na noite anterior.
Em sua mente, cenas desconexas em flashes vem e vão até desaparecerem por completo. A cabeça pende e encontra apoio na mochila encharcada ao seu lado.
Tudo escurece. Horas depois, ouve-se o canto de pássaros, o brilho ofuscante do sol penetra-lhe os olhos, que se abrem preguiçosamente.
Aos poucos recobra a memória e se vê caminhando numa trilha pelo bosque, quando surpreendido por uma forte chuva escorrega e vai de encontro a uma armadilha coberta por folhas.
Então é isso, foi o que aconteceu. Ele está no buraco à horas e só agora se dá conta. A boca está seca, os olhos queimam, o estômago aperta de fome.
Ele lembra que está com uma corda na mochila, mas não tem quem o puxe para fora.

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