Era uma manhã bem fria, tão fria que dava dó até de levantar da cama. Ao som do despertador do celular que me dizia: Está na hora de levantar para ir ao trabalho. Então depressa me apronto porque já é hora. Coloco minha blusa de frio e minha touca, jogo a mochila nas costas, pego minha bicicleta, logo sinto o vento soprar e o sereno que cai nesta manhã tão gelada.
Ao som dos meus passos e ao fechar a porta da cozinha sempre vejo meu cachorro levantar para me acompanhar, mas hoje ele não me acompanhou, talvez porque está muito frio, mas não faz mal. Sempre ele me acompanha até o portão olhando ele para mim parece me dizer:_ Tchau, tchau. Volte logo!
Então saio cortando o vento gelado daquela manhã, lembrando-me que nos meus dias de menino, lá pelos anos 70, quando sabíamos que iria esfriar ao ponto de cair geada eu fazia limonada e colocava do lado de fora da casa e no outro dia tomava aquela limonada gelada. Só assim a gente poderia beber algo gelado, pois não tinha geladeira, nem tão pouco luz elétrica.
Morávamos nas fazendas. Não esqueço da bacia d' água que eu colocava atrás da casa e acordava primeiro do que os outros para ver aquela bacia de gelo que doía as mãos. Então corria naquela grama fria que endurecia os dedos dos pés. Assim ia a manhã, a tarde e logo chegava a noite. Meu pai já estava com a lenha pronta para fazer o fogo para nos aquecermos. Pela manhã ele nos acordava para tomar café e se aquecer à beira do fogo.
Lá fora o vento soprava, doía os ouvidos. Mas alguém tinha que sair para trabalhar e estes eram meus pais. Que não mediam esforços, enfrentavam sol, chuva, frio e assim me ensinaram a romper obstáculos. Por isso saio sentindo este vento frio na pele, mas por dentro estou aquecido. Vou até o fim. O frio vai passar. Sim, o inverno vai passar e eu vou sentir saudades desta manhã fria, quando o verão chegar.